sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Olhar do psicanalista: Mãe e a fronteira do céu

A relação de uma mãe com seu filho é de uma singularidade que nenhum outro vínculo afetivo é capaz de compreender

Por Jorge Forbes
Fonte: Revista Psique


Escrevi recentemente uma coluna, neste espaço, sobre o pai. Mais que depressa, minha editora, em nome das não concernidas, escreveu- me: "e a idealização da mãe, aquela que deve 'padecer no paraíso?'. Será que esta mãe é humana? É mortal? Enfim, lá no fundinho, ela é real mesmo?".
Vamos lá, falemos da mãe, começando por essa frase tão antiga, repetida e de múltiplos sentidos: "ser mãe é padecer no paraíso". Provavelmente trata-se de uma tradução leiga do Gênesis, do "parirás com dor", maldição lançada por Deus contra a mulher desobediente. A dor surge exatamente no momento da maior alegria que um ser humano pode ter: dar à luz um novo ser. A editora pergunta se não é exagerado associar a maternidade ao paraíso, mesmo que dolorido. Pensa-se que não. Isso fala de uma especificidade do amor materno, diferente do paterno.
Estudemos uma cena mais que habitual. Pai, mãe e filho-bebê estão na sala. O bebê fala, por assim dizer, faz um barulho como "ióóó". O pai fica indiferente, a mãe exclama: "Ah, coitadinho, está com fome". Passado certo tempo, lá vem o bebê de novo, agora com: "heiuc, heiuc". Pai, impassível. Mãe: "Você viu como ele está contente com o novo chocalho?". Daí, em seguida, para dizer que "spé, spé" é dor de ouvido, fica fácil. O pai disfarça seu espanto descrente desse diálogo, a ele, esquisitíssimo. Mas imagine só se não houvesse alguém suficientemente "imaginativo", sendo delicado, para interpretar esses primeiros balbucios incompreensíveis a um pai?

A RELAÇÃO DA MÃE COM UM FILHO É IMEDIATA. O PAI FICA LOUCO PARA QUE O FILHO COMECE A FALAR E ANDAR PARA QUE ELE O SINTA COMO SEU FILHO
A relação de uma mãe com um filho é imediata, ela não depende das formas estabelecidas da cultura. O pai fica louco para que o filho comece a falar e andar para que ele o sinta como seu filho. Batismo para pai é o primeiro jogo de futebol juntos. Ah! Aí a alegria independe do resultado do jogo! Mãe, não. Vejamos outro exemplo, mais triste, mas não menos evidente. O que vemos nas filas das portas dos presídios em dias de visitas? Mães ou pais? Mães, a resposta é fácil, dada a grande discrepância. Como amor de mãe não tem o intermediário da cultura - é direto -, filho nunca é criminoso, é sempre, e antes de tudo, filho. Chico Buarque cantou esse aspecto em Meu guri, a história daquela mãe que diante de todas as evidências da bandidagem do guri, continuava a vê-lo como um anjo de altar. Assim são as mães.
Se paraíso é a contemplação direta do divino, ser mãe tem um quê de paradisíaco, pois assim ela vê seu filho. E a dor? Ora, a dor, paradoxalmente, pode até ser buscada como marca de ligação com o filho, do gênero da equação emocional: "Se sofro dessa maneira, é só por você, porque você é meu filho". É o uso do sofrimento como assinatura do cartório do paraíso.
Hoje, de fato, está um pouco em desuso choramingos maternais. A liberação sexual e econômica da mulher é um pouco incompatível com essa ideia de mater dolorosa; fala-se, então, em uma mãe real. Mas o que será isso: "mãe real"? Aquela que cuida dos filhos, que trabalha, se arruma e namora? Sim, conhecemos essa mãe, é a mãe objetiva, que vive reclamando de seus vários empregos, fora de casa e em casa, que requer direitos sobre sua alegada dupla ou tripla jornada de trabalho, que está exausta, arre! Pobre moça! Será que não fica mais fácil dizer sobre sua satisfação de poder ter vários papéis e ainda manter só para si o prazer enorme de poder traduzir um grunhido de uma criança em: "te amo, mamãe", ao qual pai nenhum pode contestar?
Existem mães que, preocupadas com suas imperfeições, exageram na busca de manuais da mãe exemplar. Não é um bom caminho, acabam dando material para as caricaturas tão conhecidas do Ziraldo. Não existe mãe perfeita nem ideal, há, sim, para cada um, alguém que cumpre essa função com suas qualidades e defeitos. E é sempre melhor que o fi- lho enfrente o defeito de uma mãe que o de um suposto técnico em maternidade. Falava-se antigamente que a mãe perfeita seria a mãe asmática, pois ao responder imediatamente a cada pedido do filho, antes mesmo que ele se pronunciasse, acabava por sufocá-lo.
Enfim, mãe, sofrer no paraíso é demasiadamente humano e mortal. É o passaporte de dupla nacionalidade: o de fora e o de dentro da cultura; é a fronteira do céu.



Jorge Forbes é psicanalista e médico psiquiatra. É analista membro da Escola Brasileira de Psicanálise (A.M.E.), preside o IPLA - Instituto da Psicanálise Lacaniana e dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano da USP. www.jorgeforbes.com.br

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dica de Filme para o fim de semana! VIP´S

Gente, a professora Vânia indicou este filme em sala há uma semana atrás... Eu assisti e recomendo também!

Adoro o Wagner Moura então sou suspeita em falar quanto a sua atuação no filme, ele interpreta o personagem principal,  Marcelo Nascimento da Rocha, um dos maiores golpistas do Brasil que tornou-se conhecido por fingir ser Henrique Constantino empresário e filho do dono da companhia área Gol.

O filme é baseado no livro Vip´s histórias reais de um mentiroso, escrito por Mariana Caltabiano (este livro também pretendo ler)

Sinopse

 Desde pequeno, Marcelo Nascimento da Rocha tem muita dificuldade de viver com sua identidade. Seu maior prazer é imitar as pessoas e se passar pelos outros. Alimentando o sonho de aprender a voar e tornar-se piloto como o pai, Marcelo foge da casa da mãe e começa a maior aventura de sua vida, cada vez se passando por uma pessoa diferente. Até dar o maior golpe de sua vida: fazer-se passar pelo empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, em uma grande festa no Recife.

Título original: (VIPs)
Lançamento: 2011 (Brasil, EUA)
Direção: Toniko Melo
Atores: Wagner Moura, Gisele Fróes, Juliano Cazarré, Jorge D'Elia.
Duração: 96 min
Gênero: Drama
Status: Arquivado
                                                                      TRAILER


TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS

Optar por ser ou não assertivo é saber se adaptar às circunstâncias:uma competência necessária para se manter uma relação interpessoal bem-sucedida, que leva em conta o contexto de cada situação

Por Mônica Portella e Veruska Santos


Nas últimas décadas, um corpo consistente de teóricos vem produzindo conhecimento e pesquisa sobre as habilidades sociais. Habilidade Social (HS) é a denominação dada às diferentes classes de comportamentos sociais disponíveis no repertório de uma pessoa, que contribuem para a qualidade e a efetividade das interações que ela estabelece com as outras pessoas. Tais habilidades dizem respeito a comportamentos necessários a uma relação interpessoal bem-sucedida, conforme parâmetros típicos de um determinado contexto e cultura.


Segundo Del Prette e Del Prette (2001), as habilidades sociais envolvem desempenho social competente, sendo que este pode ser prejudicado por ansiedade, crenças errôneas e uma avaliação equivocada do ambiente.
As pessoas socialmente hábeis (ou com competência social) tendem a apresentar relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras, além de bem-estar físico e mental e bom funcionamento psicológico (Del Prette e Del Prette, 2004). De acordo com Goleman (2001), pessoas que se destacam no ambiente corporativo possuem competência social acima da média. Para alguns pesquisadores, terapeutas socialmente aptos produzem melhores resultados terapêuticos, independentemente de sua abordagem.

As pessoas que possuem competência social geralmente se destacam no ambiente corporativo, além de demonstrarem bem-estar físico e mental

Por outro lado, déficits em habilidades sociais geram dificuldades e conflitos interpessoais, pior qualidade de vida e diversos problemas psicológicos. Déficits em habilidades sociais estão presentes em patologias como fobia social, síndrome de Asperger, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno invasivo, transtorno do humor (como depressão e transtorno bipolar), etc. Logo, o treinamento em habilidades sociais pode ser empregado com pacientes portadores dos problemas supracitados.
Cabe ressaltar que o treinamento em habilidades sociais não é importante apenas para pessoas portadoras de grandes déficits. Este também pode ser útil para pessoas que desejam melhorar as suas habilidades sociais em função de demandas pessoais ou profissionais. Quanto maior o desenvolvimento profissional e pessoal de uma pessoa, mais ela precisará interagir com os outros, necessitando assim de um repertório social bem-desenvolvido e de habilidades sociais, como a assertividade, empatia, comunicação verbal e não verbal, etc.
As habilidades sociais envolvem desempenho social competente, sendo que este pode ser prejudicado pela ansiedade
Há uma série de classificações para as habilidades sociais, como as de Galassi e Galassi, 1977; Furnham e Henderson, 1984; Gay e cols, 1975; Liberman e cols, 1977; Rinn e Markle, 1979; Michelson e cols, 1986, Del Prette e Del Prette, 2001, 2004, Caballo (2003), entre outros. As dimensões mais comumente aceitas incluem comportamentos como iniciar, manter e encerrar conversações; fazer e responder perguntas; falar em público; expressar amor, agrado e afeto; expressar sentimento positivo; ser empático; defender próprios direitos; pedir favores; recusar pedidos; aceitar elogios; expressar opiniões pessoais, até mesmo discordantes; expressar incômodo, desagrado ou enfado; desculpar-se ou admitir ignorância; pedir mudança de comportamento do outro e enfrentar críticas; ser empático com os outros; refletir sentimentos e expressar apoio; solicitar e fornecer feedback positivo e negativo, etc.
A assertividade se refere a um continuum que vai do comportamento passivo, passando pelo comportamento assertivo até chegar ao comportamento agressivo.

Fonte: Revista Psique

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

II SEMINÁRIO CATARINENSE DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA - UNIVALI ITAJAÍ

17, 18 e 19 de novembro de 2011
Teatro Adelaide Konder - Univali Itajaí - SC

Este evento marca em nosso Estado o ano da avaliação psicológica. A iniciativa pioneira do Conselho Federal de Psicologia de eleger um tema anual para a psicologia conta com o apoio dos conselhos regionais e enaltece a importância desse tema tão relevante para a categoria dos Psicólogos. A realização do Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica em maio desse ano em Bento Gonçalves também é uma das ações que marcam o ano da avaliação psicológica.

 O programa contempla a apresentação de pesquisas e práticas clínicas recentes que contam com a participação de renomados convidados do estado e de outras regiões do Brasil, que vão desde a avaliação do estresse e saúde do trabalhador, abordando a comercialização de testes no Brasil e o ensino de avaliação psicológica em Santa Catarina. A realização da I Jornada Sul Brasileira de Cognição, a ser realizada paralelamente ao evento, também amplia a discussão e traz mais contribuições á área, uma vez que este tema permeia muitas vezes a prática da avaliação psicológica.
Inscrições

Categoriaaté 11 de novembroNo local
Profissionais
R$ 120,00R$ 130,00
Estudantes de graduação e pós-gradução
R$ 100,00R$ 110,00
Estudantes das instituições de ensino parceiras do evento (Univali, UFSC, Unochapeco, Unoesc, FURB, Avantis)
R$ 80,00R$ 90,00




Maiores Informações no site da Univali

Indicação de Leitura! Predadores - Pedófilos, Estupradores e outros abusadores sexuais.

Bom dia futuros psicólogos.

Este livro foi indicado na semana da Psicologia em agosto de 2011, pela psicóloga Marínea Maria Fediuk que ministrou a palestra: Abuso sexual infantil e suas consequências.

A autora Anna C. Salter estuda os agressores  sexuais e suas vítimas há mais de vinte anos. Ela usa seu conhecimento para desfazer os mitos em torno dos agressores sexuais e relata como eles pensam, como enganam suas vítimas e como burlam a lei.
Salter explica que mesmo o mais conhecedor entre nós (incluindo ela mesma) pode ser enganado por predadores sexuais e mostra como podemos nos treinar para nos tornar menos vulneráveis. Predadores remove o véu de sigilo do incrivelmente mal compreendido crime de abuso sexual e nos fornece os instrumentos de que precisamos para proteger a nós mesmos e a nossas famílias.

Frente a problemática do abuso sexual, esta leitura se faz essencial para que possamos compreender como agem os agressores e como as vítimas podem ser ajudadas a enfrentar os traumas causados pela violência sexual.

A Anne já fez a leitura do livro, agora eu estou lendo... Desafiamos vocês turma de psico!

Abraços e Boa Leitura!


Evento:Etapa Regional do 2º Seminário Nacional de Psicologia em Emergências e Desastres em Florianópolis

Com o objetivo de dar continuidade ao processo de desenvolvimento da temática da Psicologia em Emergências e Desastres, o CRP-12 juntamente com o CFP promoverá a Etapa Regional Preparatória para o 2º Seminário Nacional de Psicologia em Emergências e Desastres.
Estes eventos revestem-se de importância para o Estado de Santa Catarina, novamente castigado pelos alagamentos e deslizamentos neste mês de setembro/2011, e têm por objetivo promover o diálogo e a construção de referencial teórico.
De modo a atender todas as realidades regionais do nosso Estado, os eventos contarão com a presença de especialistas renomados neste assunto. O próximo evento será em  Florianópolis.




Data do Seminário: 12/11/2011
Horário: das 08:30 ás 12:00 horas
Local: Baía Norte Plaza Hotel

Inscrições no site do CRP / SC http://www.crpsc.org.br/?inscricaoedfloripa

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E A GESTALT EMERGE

"É óbvio que o potencial  de uma águia será realizado no vagar
pelo céu, no mergulho para caçar pequenos animais, na
construção dos ninhos.

É óbvio que o potencial de um elefante será realizado através
 do tamanho, força e desajeitamento.

Nenhuma águia quer ser elefante, nenhum elefante
quer ser águia.

Eles "aceitam" a si mesmos, aceitam o seu "ser".
Não, nem mesmo aceitam a si mesmos, pois isso poderia
significar uma possível rejeição.

Eles se assumem por princípio. Não, nem mesmo se
assumem por princípio, pois isso implicaria a possibilidade
de serem diferentes.

Eles apenas são, eles são o que são, o que são...

Que isto fique para o homem: tentar ser algo que não o é -
ter ideias que não são atingíveis, ter a praga do
perfeccionismo para estar livre de críticas, e abrir a fenda infinita da tortura mental."

Frederick Perls

Indicação: Ingrid Lohmann